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CARNAVAL
2013 DE BETIM E REGIÃO: diversão sem abusos
O
carnaval é uma época de comemoração, alegria e festa. mas, muitas pessoas
acabam utilizando essa época para cometer abusos.
O consumo de bebidas alcoólicas é ainda mais comum nesse período
e não é difícil encontrar pessoas embriagadas, tanto em eventos organizados,
quanto nas ruas ou até mesmo no trânsito. O problema aumenta quando se
considera o uso de outras drogas e por vezes, sexo sem proteção. Mas, para
festejar, não é preciso se entorpecer.
As alterações após a ingestão de álcool,
associado ou não a outras drogas, de acordo com Moreira, R. a ação do
álcool no pré-acidente tem o seguinte encadeamento:
1. Psíquico – (Decisão)
– Desorganização e degradação do
desempenho, aliado ao fraco julgamento.
2. Percepção
– Visão periférica prejudicada.
3. Psicomotricidade
– Prejuízo progressivo do controle dos
movimentos corporais, chegando até à ataxia, que é uma dificuldade extrema de
marcha e equilíbrio.
4. Reação
– Lentificação da resposta aos
estímulos.
5. Sono
- Depressão do Sistema Nervoso Central.
1 – Dificulta a avaliação do acidentado
pelo médico que presta atendimento, afetando a avaliação da:
– Resposta Motora
– Resposta Verbal
– Orientação
– Abertura Ocular
– Resposta à dor
Jovens e festas: diversão sem drogas
entrevista com Regina Maria Faria Gomes, publicada na edição nº 412,
novembro de 2010.
Regina Maria Faria Gomes
Psicóloga, servidora
pública pela prefeitura de São Paulo, atuante no movimento de mulheres.egomes1@gmail.com
Jovens e festas são
uma mistura certa. Não ter amigos pode ser tão perigoso para a saúde como fumar
ou consumir álcool em excesso, como diz um estudo de cientistas americanos,
publicado recentemente. O que seria uma festa? Nada mais do que uma ruptura da
rotina, de transição de espaços e comportamentos, como forma de destruição de
um tempo velho e como forma de vislumbrar um novo, cheio de energia e força.
·
Existe uma relação próxima entre jovem e festa?
As duas palavras
juntas emanam uma imagem positiva. Remetem-me à minha juventude, um lugar
agradável, de encontros, de diálogo, de dança, de alegria, de trocas, de
construção. Remete-me hoje aos jovens da cidade de Tiradentes, bairro no
extremo Leste de São Paulo, que constroem sua historia através da cultura e
arte, do teatro, do rap, hip hop, funk, das Conferências Lúdicas da Criança e
do Adolescente, e mais recentemente do Conselho de Juventude.
·
A festa, então, é importante como lugar de
socialização?
Com certeza, é uma
das formas de socializar-se. A festa é um produto da realidade social e, como
tal, expressa ativamente essa realidade, seus conflitos e suas tensões. Nesse
sentido, podemos afirmar que a festa é o espaço de convivência social de
múltiplas territorialidades. Não negando que a festa possa ser também um
exagero da realidade, ou ainda uma transgressão, profanação, um espaço para a
ilegalidade.
·
Que importância tem para o jovem a socialização
através da festa?
Vale lembrar que os
jovens vivem uma fase da vida na qual estão elaborando suas identidades, em um
processo no qual a imagem de si, para os outros e para si mesmo, assume uma
importância fundamental. A festa é um espaço que permite a possibilidade de inúmeras
interações, com demarcação de identidades e estilos, visíveis na formação dos
mais diferentes grupos, que nem sempre coincidem com aqueles que os jovens
formam fora desse espaço das festas. A sociabilidade através das festas para os
jovens parece responder às suas necessidades de comunicação, de solidariedade,
de democracia, de autonomia, de trocas afetivas e, principalmente, de
identidade, enquanto sujeitos sociais.
·
A relação festas juvenis, drogadização e bebidas é
uma mistura inseparável?
O consumo de álcool é
um assunto que envolve desde festas e comemorações ao perigo do abuso e da
dependência. Não necessariamente as festas precisam ser regadas a bebidas e
drogas. Segundo pesquisas, metade dos brasileiros admite beber com
regularidade, sendo a idade média para o começar a beber de 12 anos e meio,
mesmo que a lei só permita a venda de bebidas alcoólicas para maiores de 18
anos. Esse hábito costuma começar em casa, muitas vezes estimulado pelos
próprios pais ou irmãos mais velhos. E quando chega a adolescência, período
repleto de mudanças físicas, emocionais, sociais, a bebida pode tornar-se uma
forma de ter novas experiências e testar limites.
·
Por que há elevados níveis de uso dessas
substâncias?
Uma das explicações
para o consumo do álcool é que ele não tem aparência de algo que faz mal. Ao
contrário, nas propagandas o álcool é glamorizado, associado a sexo e mulheres
bonitas, sucesso nas relações. Um segundo ponto que explica a atração pelo
álcool e outras drogas, sejam elas legais ou ilegais, é a busca de soluções
fáceis e respostas rápidas para as coisas. Nós desenvolvemos na sociedade a
crença de que há uma solução química para tudo. Não devemos nos frustrar, ir à
batalha ou à luta. Vamos atrás de um remédio que resolva qualquer coisa.
Sabe-se, ainda, que em alguns grupos de jovens o padrão de beber muito ou de
?beber até cair? é quase uma regra. ?Pega bem? ser uma pessoa que exagera, que
passa dos limites. Mas por que esse código passa a ser aceito por parte do
grupo? Necessidade de afirmação? Pura diversão? Falta de controle? Falta de
informação? São muitas as hipóteses. Precisamos ter clareza de que o álcool
(como outras drogas) altera a capacidade de a pessoa avaliar o “tamanho do
buraco” em que está se metendo.
·
Mas há muitos jovens, que mesmo tendo oportunidade,
curtem as festas sem consumir drogas...
Um dos motivos que
vejo para o não uso e abuso do álcool e outras drogas é a oportunidade que o
jovem se dá de escolher e de ter autonomia sobre a própria vida, quando possui
consciência do que é a substância química, seja o álcool ou outras drogas,
incluindo aqui os medicamentos. Uma das atividades que realizei nos anos de
1990 com grupos de jovens, filhos de alcoolistas e meus dois filhos e um
sobrinho, foi vivenciar junto com eles outras formas de prazer, de curtir a
vida, de realizar festas, que temos à nossa disposição. Realizamos trilhas e
caminhadas, com direito a banho de cachoeira, passeios a cavalo e Jipe. Eram
encontros, festas, alegria, músicas, troca de experiências sem nenhuma
substância química. Porém com diálogo franco e presença na vida de todos eles.
Não há como escapar: por trás da curiosidade do jovem em relação ao álcool
estão diversos valores sociais, como a ideia reforçada pela publicidade de que
a bebida está associada ao poder, ao sucesso e à atração física. Faz-se urgente
e necessária uma proposta sistemática de discussão do uso e do abuso de álcool
e outras drogas de maneira honesta, sem fazer terrorismo ou falsas ameaças.
·
Como se dissemina o mercado e o consumo das drogas?
Lawrence Werner, num
de seus estudos, pergunta: Como é que o consumo de álcool associado ao esporte
não é percebido como uma ironia cultural?
A publicidade do
álcool ligada aos esportes é contraditória, proporciona uma desejável relação
com um estilo saudável, dinâmico e divertido de vida. Não há dúvida de que a
mídia é a grande responsável por divulgar todas as marcas e potenciais
qualidades das bebidas alcoólicas disponíveis no mercado. Afinal, realizar
comerciais que atingem um público de dois bilhões de consumidores certamente é
um negócio rentável. O uso comercial de nossa seleção por uma marca de cerveja,
por exemplo, não é liberdade de expressão, é uma ironia, uma forma sofisticada
de estimular a dependência do álcool desde a mais tenra idade. Não basta criar
clínicas de tratamento, que são necessárias é bem verdade, mas temos que agir
principalmente nas regras de mercado e de propagandas de incentivo ao uso e ao
desencadeamento das dependências químicas.
·
Que atitude deve ter a família diante do filho usuário?
A família também
necessita de informação correta sobre o uso e abuso do álcool. Isso é um fato a
se considerar. Na média, quanto mais novo se entra em contato com o químico,
maior a dificuldade de controle do quanto se bebe. A pressão e a aceitação do
grupo, a autoestima e a necessidade de afirmação ajudam a explicar o que
acontece com o jovem. Para tentar entender melhor por que o(a) jovem começa a
beber tão cedo ou por que bebe de forma exagerada, pais e mães devem abrir o
instrumento da escuta, do diálogo, da responsabilização de suas atitudes e
escolhas. Se o jovem não estiver envolvido nessa reflexão, não há alternativas.
Proibição ou tolerância são dois extremos. Acredito mais no caminho do meio.
·
E a escola, como pode lidar com essas situações?
Trabalhos de
prevenção e de responsabilidade realizados na escola certamente ajudam. Mas o
processo é bem mais amplo! Não cabe a nós continuarmos tendo uma visão
simplista e superficial sobre esse assunto. Não se trata de desconsiderar os
riscos e as complexidades bioquímicas do uso dessas substâncias, mas de abrir
mais espaço para esse tipo de reflexão na discussão sobre o uso e abuso do
álcool e outras drogas. Bebida alcoólica no Brasil é barata. A TV tem uma
enxurrada de propagandas: cervejas e bebidas ?ice? já aparecem em oferta o dia
inteiro. Para completar, comprar bebida não é complicado para os menores. A
bebida alcoólica tem presença maciça nos acidentes de trânsito, e muitos
remédios causam níveis altos de dependência. Entretanto não podemos imputar
somente à escola a possibilidade de solucionar o problema. Ela é de fundamental
importância nesse debate e entra como mais uma instituição na análise de uma
solução multi-institucional. Sabemos também que devemos estar atentos e atuar
em políticas contra o aliciamento de menores para o tráfico de drogas e a
prostituição. Muitos destes fazem parte de empresas de organização de bailes.
Eles se utilizam dos espaços da escola, e convidam os estudantes para
participar das festas. Os meninos são aliciados para o tráfico de drogas e as
meninas para a prostituição. As ?drogas? estão na sociedade e nas culturas.
Portanto não podem ser entendidas fora delas. Pesquisadores, legislação, os
meios de comunicação e as instituições devem levar em consideração a dimensão cultural
do uso e abuso de álcool e drogas para cunhar políticas públicas mais eficazes
e mais adequadas à realidade brasileira.
"A mudança na família exige
escuta"
Vejo que ser pai e
mãe é aventurar-se sempre. A principal ferramenta é o diálogo e a responsabilização
pelos atos e escolhas desde a mais tenra idade. Percebo que a socialização dos
jovens e a sua relação com a família têm sido alvos de debates que tendem a
cair numa visão apocalíptica, de “fim dos tempos”, sobre o fracasso da família.
Vejo também que a relação atual da juventude com a família é expressão de
mutações profundas que vêm ocorrendo na nossa sociedade, interferindo na
realidade social dos indivíduos, nos seus tempos e espaços.
As diferenças
geracionais entre pais, mães e filhos são muito profundas. Nessa sociedade cada
vez mais globalizada, a dimensão local se encontra articulada com a dimensão
global, trazendo novos desafios para a relação entre pais, mães e filhos. Os
adultos, especificamente os pais e as mães, não podem mais contar tanto com a
sua experiência anterior como referência para lidar com os jovens. Quando o ser
humano faz novas interrogações, os pais, as mães, a escola e seus profissionais
também têm de se interrogar sobre qual é o seu papel nessa relação.
Parece que os filhos
jovens, nas formas em que vivem a experiência das festas, estão nos dizendo que
não querem tanto ser tratados como iguais, mas reconhecidos nas suas
especificidades. Isso implica serem reconhecidos como jovens, na sua
diversidade, um momento privilegiado de construção de identidades, de projetos
de vida, de experimentação e aprendizagem da autonomia. Exigem de seus pais e
de suas mães uma postura de escuta - para que se tornem seus interlocutores
diante das crises, dúvidas e perplexidades da vida. Enfim, nos parece que
demandam da família recursos e instrumentos que os tornem capazes de conduzir a
própria vida em uma sociedade na qual a construção de si é fundamental para
dominar seu destino.
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