Notícias
16/08/2013
Uma em cada cinco vítimas de
acidentes com motos consome álcool ou drogas
Pesquisa
do Hospital das Clínicas revela imprudência de condutores de motocicletas e
outros veículos, processo de habilitação falho e uso de drogas e álcool como as
principais causas de acidentes
Uma pesquisa realizada pelo Instituto de Ortopedia
e Traumatologia do Hospital das Clínicas, da Faculdade de Medicina da USP, em
parceria com a Abraciclo (Associação Brasileira dos Fabricantes de
Motocicletas) aponta que a cada cinco vítimas de acidentes com motos na cidade
de São Paulo, uma consumiu álcool ou drogas antes de dirigir.
A pesquisa foi realizada durante três meses, em
regime 24 horas, com 326 acidentados em unidades hospitalares da zona oeste da
cidade e no local dos acidentes. “Este estudo teve como principal objetivo
avaliar os fatores associados com os acidentes de trânsito com motocicletas em
relação à vítima, às vias, ao veículo e à inter-relação das causas”, diz a
coordenadora da pesquisa, Júlia Greve.
Os dados mostram que o despreparo de motoristas e
motociclistas ao transitar nas vias de São Paulo é responsável por 74% das
ocorrências de trânsito. Mais da metade desses acidentes foi ocasionada por
automóveis (51%) e 49% por motociclistas - em ambos os casos o principal
causador é a imprudência dos condutores (88%), conforme as conclusões dos
peritos.
De acordo com o estudo, os motociclistas mais
vulneráveis a acidentes são homens (92%), com idade média de 30 anos, formados
pelo ensino médio (58%) e com renda de 1 a 3 salários mínimos (62%). Desses,
73% usam o veículo como meio de transporte e apenas 23% das vítimas eram
motofretistas, que passam cerca de oito horas por dia pilotando. Dos
acidentados, cerca de 21,3% tiveram dosagem positiva para álcool/droga em, pelo
menos, uma amostra biológica. Mais de 7,1% tinham tomado bebidas alcoólicas e
14,2% outras drogas, sendo que, depois do álcool, a cocaína foi a droga mais
encontrada.
De acordo com Ana Cristina Fraia, psicóloga e
especialista em dependência química da Clínica Maia Prime, é muito arriscado
utilizar qualquer tipo de substância quando se está dirigindo, seja ela lícita
ou não. “A maconha, por exemplo, pode alterar a percepção, atenção,
coordenação motora e o comportamento. A cocaína afeta o sistema nervoso central
e pode deixar o motorista agitado, eufórico, hostil, paranoico e, às vezes, com
alucinações, sem condições de dirigir qualquer tipo de veículo de forma segura,
colocando sua vida e de outras pessoas em extremo risco”, afirma.
Entre as informações levantadas na pesquisa, 44%
das vítimas tiveram lesões graves, 21% haviam consumido álcool ou drogas e 23%
não tinham habilitação para dirigir motos. Outros dados relevantes se referem
ao uso de equipamentos de segurança ao dirigir motocicletas. Apesar de 90% das
vítimas usarem capacetes, apenas 22,7% usavam botas e só 18,1%, jaquetas
adequadas, sendo que 31% do motofretistas e 14% dos motociclistas usavam os
três equipamentos de segurança.
A gravidade dos ferimentos foi maior nas vítimas
sem habilitação: 67% delas tiveram lesões consideradas graves, enquanto entre
as vítimas com habilitação esse índice foi de 43%. Do total de vítimas avaliadas,
55% já tinham sofrido acidentes anteriores e 18% foram internadas anteriormente
em razão de acidentes.
O projeto, coordenado pelo IOT-HCFMUSP, contou com
a participação de diversos departamentos da Faculdade de Medicina da
Universidade de São Paulo e de órgãos públicos e privados como Companhia de
Engenharia de Tráfego (CET), Polícia Militar e Corpo de Bombeiros do Estado de
São Paulo, com o apoio da Abraciclo (Associação Brasileira dos Fabricantes
de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares).
Fonte:
Revista Mundo Moto