Saturday, August 17, 2013

CONFIRAM "Uma em cada cinco vítimas de acidentes com motos consome álcool ou drogas"



 

Notícias

16/08/2013

Uma em cada cinco vítimas de acidentes com motos consome álcool ou drogas



Pesquisa do Hospital das Clínicas revela imprudência de condutores de motocicletas e outros veículos, processo de habilitação falho e uso de drogas e álcool como as principais causas de acidentes

Uma pesquisa realizada pelo Instituto de Ortopedia e Traumatologia do Hospital das Clínicas, da Faculdade de Medicina da USP, em parceria com a Abraciclo (Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas) aponta que a cada cinco vítimas de acidentes com motos na cidade de São Paulo, uma consumiu álcool ou drogas antes de dirigir.

A pesquisa foi realizada durante três meses, em regime 24 horas, com 326 acidentados em unidades hospitalares da zona oeste da cidade e no local dos acidentes. “Este estudo teve como principal objetivo avaliar os fatores associados com os acidentes de trânsito com motocicletas em relação à vítima, às vias, ao veículo e à inter-relação das causas”, diz a coordenadora da pesquisa, Júlia Greve.

Os dados mostram que o despreparo de motoristas e motociclistas ao transitar nas vias de São Paulo é responsável por 74% das ocorrências de trânsito. Mais da metade desses acidentes foi ocasionada por automóveis (51%) e 49% por motociclistas - em ambos os casos o principal causador é a imprudência dos condutores (88%), conforme as conclusões dos peritos.

De acordo com o estudo, os motociclistas mais vulneráveis a acidentes são homens (92%), com idade média de 30 anos, formados pelo ensino médio (58%) e com renda de 1 a 3 salários mínimos (62%). Desses, 73% usam o veículo como meio de transporte e apenas 23% das vítimas eram motofretistas, que passam cerca de oito horas por dia pilotando. Dos acidentados, cerca de 21,3% tiveram dosagem positiva para álcool/droga em, pelo menos, uma amostra biológica. Mais de 7,1% tinham tomado bebidas alcoólicas e 14,2% outras drogas, sendo que, depois do álcool, a cocaína foi a droga mais encontrada.

De acordo com Ana Cristina Fraia, psicóloga e especialista em dependência química da Clínica Maia Prime, é muito arriscado utilizar qualquer tipo de substância quando se está dirigindo, seja ela lícita ou não. “A maconha, por exemplo, pode alterar a percepção, atenção, coordenação motora e o comportamento. A cocaína afeta o sistema nervoso central e pode deixar o motorista agitado, eufórico, hostil, paranoico e, às vezes, com alucinações, sem condições de dirigir qualquer tipo de veículo de forma segura, colocando sua vida e de outras pessoas em extremo risco”, afirma.

Entre as informações levantadas na pesquisa, 44% das vítimas tiveram lesões graves, 21% haviam consumido álcool ou drogas e 23% não tinham habilitação para dirigir motos. Outros dados relevantes se referem ao uso de equipamentos de segurança ao dirigir motocicletas. Apesar de 90% das vítimas usarem capacetes, apenas 22,7% usavam botas e só 18,1%, jaquetas adequadas, sendo que 31% do motofretistas e 14% dos motociclistas usavam os três equipamentos de segurança.

A gravidade dos ferimentos foi maior nas vítimas sem habilitação: 67% delas tiveram lesões consideradas graves, enquanto entre as vítimas com habilitação esse índice foi de 43%. Do total de vítimas avaliadas, 55% já tinham sofrido acidentes anteriores e 18% foram internadas anteriormente em razão de acidentes.

O projeto, coordenado pelo IOT-HCFMUSP, contou com a participação de diversos departamentos da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo e de órgãos públicos e privados como Companhia de Engenharia de Tráfego (CET), Polícia Militar e Corpo de Bombeiros do Estado de São Paulo, com o apoio da Abraciclo (Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares).

 

 

Fonte: Revista Mundo Moto